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ㅤ ㅤSá Moura ⋆

Meus sonhos, minhas histórias, meu diário, meu mundo!
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Endless Love - Goodbye!

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saahmoura

São três e meia da manhã, acordei desesperada pois sonhei que mais uma vez ele se fora. Depois de alguns segundos hesitando me dei conta que na verdade ele nunca chegou a vir. As noites frias que passei a sua espera, os dias solitários que passei olhando janela a fora, esperando ele chegar... Ele nunca chegou! Se foi da pior maneira possível, nós que já tínhamos planos, casamento marcado, o nome dos filhos... Ele se foi sem dizer adeus, sem me dar o último beijo, me deixando apenas com as lembranças e com a dor. Agora, estou perdida, já não tenho mais motivos pra viver, não consigo mais sorrir, sinto falta de seus abraços, de suas carícias, sinto falta do nosso amor. Meus amigos, minha família, já não os vejo mais, entrei numa depressão profunda. Espero vê-lo pelo menos em meus sonhos, pois sei que lá eu hei de encontrá-lo. Mamãe me disse que eu devo voltar a viver, mas como voltar a viver se a minha vida se foi junto a ele? Lembro-me de seus sorrisos, de seu cheiro, do jeito como me abraçava após uma briga boba ou não. Porém tento apagar de minha memória aquela cena, que me estremece e me desmorona a todo instante...
"Acidente de carro mata dois homens - ambos estavam bêbados"  
Noite de despedida de solteiro, estávamos juntas eu, N., C. e J. em uma balada nobre de SP, quando N. recebera uma notícia de que algo muito grave teria ocorrido, no momento a mesma refletiu, hesitou, refletiu e nada me disse, apenas murmurou ao telefone, sempre me olhando. Perguntei o que era, nada. Perguntei novamente, nada. Minutos depois N. me abraçou e disse que sentia muito, perguntei pelo o que e a mesma disse que era melhor irmos até lá. Não entendi uma só palavra, apenas a segui. Estava chovendo, eram umas duas e meia da manhã, quando chegamos à uma pista que estava paralisada, logo avistei o carro de C. o amigo de T., senti meu coração disparar, descemos do carro e os bombeiros nos disseram para ter calma... Foi então que o avistei, T. estava preso entre as peças amassadas do carro. Desesperei-me, queria chorar, N. tentava segurar-me mas tudo era em vão. Eu precisava vê-lo, precisava ver que estava sonhando, que tudo aquilo não passara de ilusão. Mas não, ele estava ali, tentei passar pelos bombeiros, mas nada. Ouvi um deles dizer para N. me segurar pois se eu os visse seria pior. Mas eu precisava, faltava algo em mim, eu sentia. N. apenas segurava-me e dizia-me para ficar calma. Ajoelhei, colocando as mãos sobre os joelhos, a cabeça sobre elas e chorei. Senti que o meu mundo estava acabado. N. passava a mão em meus cabelos e me dizia coisas que eu já não podia ouvir. Passaram-se alguns minutos e eu não vi mais nada. Não sei de adormeci ou desmaiei, não me lembro. Apenas me lembro que acordei em uma sala de hospital, adormecida sobre uma cadeira, apoiando as mãos sobre a cama. Senti uma mão perto das minhas, era as dele. Abri os olhos devagar e, confesso que preferia não ter aberto. T. estava cheio de marcas e arranhões pelo corpo, cheio de aparelhos ligados a si, precisava de aparelhos pra respirar e estava adormecido; suas mãos estavam geladas, seu coração batia fraco. 
Fiquei mirando-o alguns instantes quando perdi-me em pensamentos. Minutos depois uma enfermeira entrou no quarto e olhou-me por alguns instantes, perguntou-me a quanto tempo estava lá, não respondi. Ela disse para eu me retirar, hesitei um pouco e saí. N. estava dormindo na cadeira de espera, sentei-me ao seu lado e fiquei olhando-a. A mesma acordou e logo me abraçou, tentei um sorriso e nada. Ficamos lá esperando horas e horas... "-Senhorita? Senhorita? Você é noiva do Sr. T.? - Sim, sou eu! - Sinto lhe dizer, mas... mas... Ele não resistiu e faleceu. Sinto muito!" Não preciso dizer que nesse instante meu coração parou de bater, não é? Já não sabia o que fazer, não tinha mais forças pra chorar, apenas encostei-me na parede e fui escorregando devagar até sentar-me no chão. Pessoas e mais pessoas passavam no enorme corredor do hospital, mas eu já não via ninguém. Passava-se um filme em minha memória de toda a nossa história, de todas as vezes que o mandei sumir da minha vida, das vezes que fizemos amor, de vários jeitos, em vários lugares; dos filmes que nós não assistimos, das loucuras que cometemos, das brincadeiras, dos apelidos. Era como se mais nada fizesse sentido agora. T. esteve comigo durante a minha vida inteira, de uma maneira ou outra ele esteve, já foi meu pior inimigo, meu melhor amigo, meu colega de dança, meu amor platônico, meu maior ódio, meu namorado... E agora não é nada. 
Dias passaram-se desde a morte dele, eu estou aqui hoje, contando essa história a vocês, porque de verdade, não aguento mais, minha vida já não tem mais cor. Para muitos isso não passa de exagero, mas quem já teve um verdadeiro amor sabe como é a dor de perdê-lo. 
Lembro-me que costumávamos ir a praia para ver o pôr-do-sol. Batem na porta, é N., abri. N. vinha todos os dias em minha casa tentar tirar-me daqui, era sempre em vão. Ela se fora. Fiquei olhando para a caixa que continha a cinzas de T. por alguns instantes quando tive uma idéia. Peguei o carro -ou o que restava dele- e sai pela estrada sem rumo. Parei em uma praia qualquer. Era inverno, não havia ninguém à beira da praia; fiquei no carro alguns instantes, peguei a pequena caixa azul e desci. Andei pelas areias, pensativa; andei até meus pés encontrarem a água. Sentei deixando a correnteza me levar, suspirei fundo e desabei a chorar. Fiquei lá, vendo as ondas se quebrarem por um tempo até que lentamente abri a pequena caixa e a virei devagar. As cinzas, uma a uma foram caindo e se misturando a água. 
Decidi que naquele instante seria a ultima vez que choraria por ele. Sabia que aonde ele estivesse ele iria estar olhando-me e protegendo-me, sabia também que ele odiaria me ver perder a vida por ele. Então jurei a mim mesmo que jamais voltaria a chorar por ele e que se chorasse agora era relembrando os bons momentos que tivemos, então levantei-me, olhei para os lados, não avistei ninguém, despi-me e entrei na água, nua e mergulhei...
"desta vez foi diferente, senti como se eu fosse apenas uma vítima e isto cortou-me como uma faca, quando você saiu da minha vida, agora eu estou nesta condição e eu tenho todos os sintomas de uma menina com o coração partido, mas não importa o que você nunca vai me ver chorar (8)" - Música Tema: Rihanna - Cry


Texto feito por mim, exagerado até, porém era uma web-novela muito antiga que eu tinha guardada aqui, então resolvi editá-la e montá-la em forma de texto e é isso!

hr

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