São três e meia da manhã, acabamos de chegar em uma das maiores baladas nobres de São Paulo... E então eu o vi, tivemos uma rápida troca de olhares até que um de nós abaixou a cabeça. Lentamente fomos nos aproximando, e por fim, consegui encará-lo e foi como se conversássemos pelo olhar. Já não via, nem ouvia nada ao nosso redor. Aproximei meus braços de seus ombros largos e num ato selvagem ele colou seu corpo no meu. Nossos lábios se aproximaram devagar, nos beijamos com tal verocidade que quando dei por mim, estavamos deitados em sua cama se preparando pra tirar a roupa, porém antes de tirar minha blusa o mesmo sussurrou:
- Não se apaixone por mim!
Sorri, achei que era brincadeira, transamos... Nos apaixonamos, um dia em meio a uma briga ele começara a chorar. Me assustei;- Eu lhe avisei para não se apaixonar por mim.
- Aconteceu, nos apaixonamos, acha que eu escolhi me apaixonar por você? Acha?
Antes que ele pudesse me retrucar algo, caiu no chão como uma leve folha...
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São dezenove horas agora, estou voltando do hospital, ouço músicas e tento cantar o mais alto possível, não consigo. Acabei encostando o carro por ai, entre soluços e um choro baixinho tento entender como nunca percebi que ele era doente, como fui incapaz de ajudá-lo e agora ele se foi, me deixou aqui, angustiada, ferida; porém antes de sua partida o mesmo me fizera prometer que iria dar a volta, e é o que vou fazer.
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24 de setembro de 2020.
Estou aqui escrevendo mais um texto sobre ele, pois depois que ele se fora, comecei a ajudar as clinicas de câncer, afinal, ele se fora porque fomos encapas de descobrir que o mesmo tinha câncer e minha vida acabou quando eu o vi cair no chão de minha sala ela primeira e ultima vez, morrendo ali, de câncer.
Estou fraca, estou velha, estou cansada, trinta anos se passaram desde a sua partida, nunca mais amei ninguém. Vou dormir. Amanhã será um novo dia.
A mulher colocou seu diário em cima do criado... O amanhã nunca chegou!

