"Hoje está chovendo, vou ter que sair correndo daqui, já estou gripada... - se pensar que, essas gotas que caem sobre mim, são as milhares de lágrimas que já soltei por ele. Dei tchau aos meus amigos e estava andando em direção ao ônibus quando senti uma mão segurar meu braço e puxar meu corpo para o encontro do dele, era como se ninguém mais estivesse ali, virei-me para trás e o vi, senti minhas pernas bambearem, minhas mãos tremerem e meus olhos marejarem, eu poderia beijá-lo, ali, na chuva, como sempre fazíamos, estava tudo em minhas mãos, eu poderia empurra-lo e voltar a viver minha vida como eu estava fazendo ou eu poderia agarrá-lo ali mesmo e mostrar pra ele que o seu amor ainda estava em mim. Hesitei. Meu corpo queria beijá-lo, mas então, pela primeira vez, resolvi ouvir meu coração. Ainda estava abraçada com ele, mas eu não o ouvia, eu não o via, não via nada ao redor, minha cabeça girava e girava procurando uma saída... Foi então que eu me dei conta que eu estava completamente bem sem ele, que outros meninos me faziam muito mais feliz que ele e que realmente me queriam, lembrei-me do quanto já chorei por vê-lo beijar outra, por vê-lo querer minha amiga, me dei conta de que se amarrar nessa babaquice mais uma vez é besteira, percebi que dessa vez, ninguém poderia me ajudar, lembrei-me do que havia acontecido nas duas semanas e me perguntei se eu queria mesmo estragar tudo beijando-o ali. O que os meus amigos pensariam de mim? Eles pensariam que eu sou fraca, que eu não aguento tentação, mas eu, eu sei que eu aguento, que provocação pra mim é fixinha.. Soltei-me de seus braços, sorri e disse: "Acabou, me esquece!", rapidamente saí andando, eu sabia que quando colocasse minha cabeça sobre o travesseiro, eu iria me arrepender completamente, mas eu mostrei pra todo mundo que eu não precisava mais dele, mostrei pra ele que o meu mundo tinha dado a volta. Ainda andando tirei a toca de minha cabeça e deixei as águas caírem sobre meus cabelos, sorri, passei as mãos em meu rosto e me senti livre.
Peguei meu celular e liguei para o outro, aquele na qual eu havia passado duas semanas junto, liguei para ouvir sua voz, liguei para saber como estava, liguei para sentir-me livre. Percebi que mesmo que o destino colocasse PH. em meu caminho de novo, que eu não ia deixar ele me abalar e que mesmo que eu não ficasse com BR. não me importava, afinal, eu sou uma pessoa livre, sempre fui e sempre serei feliz independente de quem esteja ao meu lado; Definitivamente PH. não existe mais pra mim, sei que será um choque vê-lo sempre, mas e dai? Eu sei que sou melhor que ele!"
A menina sorriu, fechou seu diário, encostou-se no travesseiro, abraçou seus ursinhos de pelúcia e dormiu tranqüilamente...
